sábado, 10 de fevereiro de 2007

Estou com a briga com o espelho, e isso me incomoda muito. Eu não faço mais questão de me olhar. Mas o que eu faço em relação a isso? Nada. Absolutamente nada. Parei de malhar e parei a dieta. Pra que tudo isso? O que vai mudar? Nem fazendo isso minha auto-estima aumenta. Então prefiro continuar gorda e feia comendo e não fazendo nada. Porque comer é a única coisa que me alegra um pouco. Nem a internet me empolga mais.
Eu realmente gostaria que essa doença fosse curada. A depressão é a pior doença que existe. O que é pior do que não ter vontade de viver? Eu não tenho vontade de viver no momento. Paro e penso: “Se eu tivesse dinheiro, eu poderia fazer o que eu quisesse. Viajar. Sair. Ter um carro. Ter uma casa. Ter amigos.” Daí me frustro: “Será que só tenho amigos quando tenho dinheiro?”. Fico matutando por horas sobre isso. Quantas pessoas realmente me amam pelo que sou? Eu não sei. Realmente eu não sei. Se eu for comparar quantas pessoas eu conheço, e quantas me consideram de verdade, eu ficarei decepcionada.
Não consigo mais medir meus momentos tristes e meus momentos felizes. Porque os felizes eu conto nos dedos. Os tristes são constantes. Se meu dia tem 24 horas, 6 eu durmo (Ai que momento bom!). 16 eu estou triste. Talvez em 2 horas eu esteja rindo de alguma coisa ou com alguém.
Eu adoro ajudar. Eu adoro poder fazer alguma pessoa feliz. Eu adoro divertir. Mas não sou retribuída. Não tenho alguém que faça isso comigo. Então percebo cada vez mais que sou sozinha. O fato de ter pais separados e irmãs casadas me fez querer ser independente, mas não sozinha. Às vezes eu penso que fui “jogada ao mundo” muito cedo, e sinto que estou despreparada pra isso. Mas eu não tenho mais escolha.

Olhando pra trás, eu vejo que sofri muito. Não gosto de me fazer de vítima, mas não há como negar. Na separação dos meus pais, todas minhas irmãs tinham alguém que as apoiassem. Eu nunca tive. Desde a separação de meus pais, minha vida nunca mais foi igual. Fui rebelde antes porque meu pai era rígido comigo, mas hoje em dia eu entendo o lado dele. Mas ele não me entende em nada do que faço. Eu não tenho mais pai no momento.

Eu sofri desde cedo. Chorei tanto. E ainda choro e sofro. Então vem alguém, qualquer alguém, que não convive com esse meu sofrimento e me julga por querer alguns momentos de risos? Eu não consigo entender porque julgam minha diversão como irresponsabilidade. Eu não tenho nada na vida além de um quarto doado pela minha avó. Eu preciso de momentos sem solidão. Eu preciso que alguém me apóie, e não que alguém me repreenda. O pior é saber que todos que falam, ainda falam por trás. Eu só tomo conhecimento do que falam de mim, por fofocas. Ninguém imagina como isso piora minha situação! Ser jovem não é fácil. Ser sozinha então...
A única certeza que eu tenho no momento, é que estou doente. Não consigo ter perspectiva de vida. Talvez isso passe com alguma terapia. Talvez isso dure mais algum tempo. Mas eu rezo que não piore...eu rezo pra continuar tendo forças e agüentar o ódio do meu pai por mim, o ódio da Flávia por mim... todo o ódio que eu não queria que existisse, porque em mim não existe ódio por ninguém. Agüentar esse último ano de faculdade, a má-remuneração, e algumas pessoas que me irritam na Puc. Agüentar a falta de estimulo e a falta de compaixão das pessoas por mim. E tentar dar brecha a mim mesma, me divertindo de alguma forma.
Tarefa difícil...mas acredito que muito possível.



Ouvindo: Bloc Party

Lendo: blogs diversos
Filme que recomendo: Obrigado por fumar - Jason Reitman

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