segunda-feira, 28 de julho de 2008

Eu te odeio.

Enquanto tantos te idolatram, eu te repudio.

Você fez de mim outra pessoa. Mudou em mim coisas essenciais. Me fez querer mais de você. Me consumiu.

Eu não fui eu enquanto você estava presente. Eu vivi em função de você.

Não me conformo quão burra fui, deixando você fazer de mim o que quis. Deixando você virar uma necessidade em minha vida.

E agora eu enxergo com os olhos que você tentou cegar, o quanto você me faz mal. Agora respiro o ar puro que você tentou sujar.

Talvez tenha sido tarde para eu perceber o quanto dei de mim a você. Mas foi o tempo suficiente para eu te abandonar.

Quase me perdi tentando ver sentido em você. Quando ficamos juntos, tudo parecia maravilhoso. Mas depois você me jogava no chão, aos prantos. Afetando meu físico, meu emocional. E depois de você, eu já nem sabia o que pensar. Então perdi muito mais além de mim mesma.

Te deixo. Como deixei parte de mim com você por um bom tempo. Mas agora essa parte suja ficou no passado, com você.

E o que me resta de você, é a lembrança de um rosto deformado. De um coração machucado, quase saindo pela boca. De um pavor inexplicável – o medo que você me proporcionou no fim.

E agora você vai continuar fazendo com outros exatamente o que fez comigo. Eu não posso fazer nada, talvez percebam também que você não presta.

E agora seu cheiro me enoja, e me sufoca pensar em você perto de mim.

Tirar você de minha vida é a minha maior vitória.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

De repente me assustou sentir que não tenho a necessidade de sentir; me assustou a necessidade de não fazer sentir. Pela primeira vez na vida não quero sentir nada por alguém; não quero que ninguém sinta por mim. Não quero.
Sofrer é uma opção, eu sei. Mas não quero poder escolher se sofro ou não. Não preciso mais de opções para relações afetivas.
De repente as pessoas me induziram ao desejo de estar só. E cada vez mais é difícil acreditar nas pessoas. Estou fatigada de fingir - fingir que acredito naquele momento tão verdadeiro que é uma farsa, de fato.

E de que vale a liberdade que tenho se me perco esperando do próximo?

Hoje não me somarão nada paixões efêmeras, fantasias demolidas, desilusões; nem mesmo o prazer momentâneo.
Porque o que de alguma forma me deixará cicatriz é a apatia como conseqüência

Porque ontem fomos as pessoas mais importantes um para o outro. Hoje nem trocamos olhares.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Eu me machuco com seu desprezo. Não porque de fato você me despreza, mas porque eu quero fugir. Porque então minha fuga me faz cair. E eu caio. E eu me destruo. É uma forma de ignorar seu desprezo. E você me afeta.

Talvez você se afetasse também com minha auto-destruição. Que tolice a minha! Você nunca vai se importar com o que está por trás de tal atitude. Você nunca se importou. Se algum dia se importou, foi mentira. Foi um modo de me fazer acreditar nisso. E eu acreditei um dia. Assim como acreditei que a melhor saída seria o meu orgulho. E o meu orgulho seria fazer o que eu queria – me destruir.

A princípio isso deveria me satisfazer. A satisfação momentânea, que tem como resultado a ressaca moral. Que tem como resultado a minha imagem dilacerada. E meu arrependimento.

Ao me levantar ouço risos. Ouço o som do sarcasmo.

Seria então a piada do momento.

Seria cômodo desaparecer do mundo. É realmente difícil ignorar meus erros.

Assumo. Sim, eu assumo agora. Assumo que você me estimula ao erro. Assumo minha fraqueza diante de você.

Passou. Mais uma vez, eu tenho que aceitar que passou. Esquecer é a parte mais difícil de qualquer relação.

O desapego. Deus, como me dói o desapego.

Mas assim eu poderei acreditar em algo que vai me salvar disso - da sua presença, do seu convívio, da sua existência. Eu poderei acreditar na minha melhor salvação: eu.

terça-feira, 15 de julho de 2008

Carta ao amigo descrente:

“Eu me preocupo com seu modo de ver a vida. De como encara as situações, e como suporta o peso do amadurecimento. Eu compreendo cada angústia que você passa. E, de fato, me identifico com algumas incertezas e anseios que tens.
Eu sei que nossa vida ainda está começando, e que temos muito para construir. Mas ambos sabemos que para chegar até onde queremos, há obstáculos que devemos passar.
Eu me preocupo com sua força, que talvez tenha limite. Mas há momentos em que precisamos fraquejar, pra levantar com uma força maior. E eu compreendo seus momentos fracos, sendo que é inevitável na transição que passamos, questionarmos o que vale ou não a pena.
Eu tenho medo que ainda nos decepcionemos cada vez mais com as pessoas ao nosso redor. Mas ao mesmo tempo vejo quão grande é nossa beleza interior, nossos sonhos e nossa sensibilidade. Tudo isso ainda vai suprir a frieza que armazenamos com os tombos que levamos. Tudo isso vai suprir a falta que sentimos da sinceridade, do amor do próximo. A falta da fé. “

Deve haver algum modo de aceitar sua incompreensão. Porque nos calamos quando há muito que expressar, às vezes. Acumulamos pensamentos, como se fosse impossível organizá-los. Sinto que às vezes os prendo em uma jaula, querendo soltá-los de uma vez, após alimentá-los muito mal.

Eu nunca pedi compaixão. Mesmo assim é difícil de entender, de me entender. Não é? Porque a minha parcela de culpa aumenta diante dos fatos, justamente por você não compreender. É bem mais fácil limitar sua visão aos meus erros.

A amplitude dos sentidos te confunde. Você não pode ir além. Te afeta aceitar minhas qualidades, por isso sou superficialidade pra você. Cheguei a acreditar na minha incapacidade, diante do seu sarcasmo e prepotência. Aí está a minha maior culpa.

Sou pra você o hoje, o agora – contanto que te beneficie de alguma forma. Depois você ri do modo que me usou; e eu tento acreditar que usei você. Então virou passado, e você nem vê a importância, pois simplesmente ela não existe.

Quando eu encontrar um modo de aceitar sua incompreensão, poderei, enfim, te compreender. Enquanto isso você é nada pra mim. E eu sou nada pra você.